30 abril, 2012


Sobre não sentir

Um espanto essa seca
Os olhos que não querem encontrar
Essa vontade de não ter
A boca que não quer beijar

Um afastamento do mundo
Do corpo
E da fome que é o amor

As pernas cruzadas
Os braços que já não abraçam mais
E o que sobra desse mar de solidão
São as ondas que nunca chegam na praia

Nada satisfaz
Nada atrai
Nem quem se joga
Quase que arrancando com as unhas
O ultimo gole da vontade

Nem quem tem o maior poder de sedução
Consegue fazer aquele corpo reagir
Aquela mente pensar em reagir

Sem fogo
Sem pele
Sem o que fazer

Dorme no aconchego do seu próprio desleixo

28 julho, 2010

Quero ficar sozinha.
Sem me enroscar em pescoços que cheiram amar
Sem me rasgar em garras vermelhas a afiar
Sem me entregar em beijos de bocas a incendiar

Quero ficar sozinha.
Sem suores entre corpos, lisos
Sem pudores entre pecados, permitidos
Sem tremores entre pernas, imprecisos

Quero ficar sozinha.
Sem horas a fio no telefone a falar
Sem horas pra poder parar de pensar
Sem horas pra saudade deixar matar

Quero ficar sozinha.
Quero entender o momento
Quero entender a razão
Quero entender o desejo
Quero entender a visão

Quero ficar sozinha.
Quero viver a compreensão
Quero viver a conseqüência
Quero viver a anulação
Quero viver a carência

:: delicado é o momento certo pra "si" amar ::

11 agosto, 2009

cheguei.
estava no mesmo céu
mas o teto era diferente

pra lembrar que existe tanta gente
e que tanta língua nao deixa de ser igual

cheguei.
estava na mesma lua
mas a criatura era a tal

pra lembrar que o amor sempre existe
e que quem quiser pode também ser triste

cheguei.
estava debaixo do mesmo sol
mas havia um lençol

pra cobrir nossa idéia sempre absurda
pra ter o conforto da suavidade bruta

:: chegou, chegou...tá na hora da alegria ::

23 junho, 2009

Quando eu te vi enchi a boca
Com milhares de partciluas d’água

Sem saber que para conquistar você
Apenas uma gota dava


Quando eu te vi palpitou meu coração
Litros de sangue bombeando esse canhão
Que dispara se você para de me amar
Que quer atingir a direção correta do luar

Quando eu te vi a sinfônica tocou
Ruídos sóbrios de amor ela deixou
Que alertavam em meu peito essa harmonia
E faziam de você o meu hino todo dia


:: ó, meu bem! você também me amava? aonde é que você tava??? ::

21 junho, 2009

Hoje o tempo tá curto
Pra falar sobre expectativas
Escolher iniciativas
Pra de cabeça eu me jogar

Hoje o tempo ta me lembrando
Que o tempo que eu tenho
É raro
E sai caro se eu não cuidar

Hoje veio o tempo me lembrar
Que está chegando a hora
Hoje é tempo de mudar
A minha memória


:: memória e tempo não andam juntos, repartem-se::

19 junho, 2009


Um relaxante muscular
Um amontoado de sentimentos,
Quase que bagaço.

Uma multidão.
E eu?
Uma noite a dois, a sós.

Alguém dormiu de olhos abertos
No auge do meu âmago

As aberturas e os forasteiros
E a gente continua não tendo definição
É inevitável sentir, ou melhor, ignorar
Algo que palpita.

Apreciar coisas do íntimo é uma virtude
Um vício é ter que abdicar disso

Atenção às feridas!
Perto das resoluções
Sempre existe um abismo infiel

Ouça com o corpo
Diga com a mente
Sonhe com asas

Atenção
Nos amores e seus benefícios
No comodismo e seus malefícios

Nos seus pensamentos
Que te entregam mais do que você imagina...
Na sua intenção, que se quiser...
Toma partido, seja para onde for

Atenção, mesmo sabendo sua opção.

Meu olhar tem um pouco de esperança
Que, ouça, presta atenção, gira...
Vai embora, e volta.


:: o abismo é como o amor...sem fundo ::

10 junho, 2009

nos detalhes
escondem-se os avanços
erguem-se pilares
deita-se o descanso

na maneira, estão as razões
no meio do quarto, as contradições

abuso desse corpo
enrolo minhas palavras
afogo esse sufoco
nas suas pernas largas

:: amanhece uma esperança ::

07 junho, 2009

Ando quebrando
O que estão consertando
Conserto o que, quebrando,
Estão construindo

Construí o quebrado
Que estou me tornando
Quebrei na metade
O sentido da vida


:: quebrando a cabeça ::

06 junho, 2009

Tua beleza declarada
Teus poemas escondidos
A sede de não beber nada
A fome de ficar contigo

É tua brisa esfumaçada
É a cor que tem abrigo
Desfaço da madrugada
Se você vier comigo

Tô lendo a toa toneladas
Histórias de beijo escondido
É tua boca escancarada
Pra caber tanto vício

É tua alma inspirada
Que me traz tanto alivio

:: onda de cheiros adocicados pendendo entre os 5 lados ::
Ele chorava
Suas lágrimas eram amargas e cruas
E seu braço gesticulava
Apontava para um lugar sem direção
Os dentes tremiam
E a cabeça, quente, latejava
As pernas dobravam-se
E os dedos da mão, agora, tomavam sentido
Destino? Sua face, seus olhos, sua cegueira
E ele dizia com a boca cheia e vermelha: -“o amor é cego”


:: dessa loucura não quero pouco ::
Ele conversava com as paredes
Era estranho como observava as rosas
Os retratos da família
E o licor o convidava pela última vez, sempre

Seus lábios tremiam

Era audacioso a ponto de ouvir
A velha lua cantando
A ponto de seguir o barco engarrafado
Consumido por puro êxtase

Posição tomada quando novo
Acendendo um cigarrinho fino
Plenitude de quem tem segredos
Ele esquecia assim da dor

Engraçado como balançava a cabeça
E os dedos dançavam em suas mãos
Sonhos nunca esclarecidos pelo coração
Passo a passo, vida a vida


:: como faz pra desmanchar a imaginação? ::
Salvando nossas almas de mentiras
Que não precisavam ser ditas
E o que escolhemos para ser nossas vozes
É bem melhor que a escolha que deveríamos fazer
Meu amor, satisfação não tem nada a ver com dever

Salve nossos sorrisos, é melhor que esperar
Quando choramos sem querer é porque fizemos
A escolha que não queríamos ter feito
Meu amor, amor não tem nada a ver com satisfação

Diga-me o que precisamos para tornar
Aquelas mentiras verdadeiras
Porque eu preciso saber

Em nossos corações há um alvo
Acerte e faça sua escolha
O que devemos fazer?
Meu amor, diga-me as coisas
Porque não sei se agüento mais tanta interpretação


:: você precisa dizer coisas, porque o silêncio me deixa louca ::
Quantas pessoas deixarão de te amar
Quando você pensar em voar mais alto
E achar no céu uma razão para elas te amarem novamente

Quantas pessoas lhe questionarão o porque
Simplesmente porque você não saberá a resposta
E elas acharão onde ninguém escondeu

Quantas pessoas irão lhe julgar
Por você querer ser algo melhor do que é
Só para satisfazê-las
Mas elas não entenderão

Quantas pessoas especiais você terá em sua vida
Quem disse que você será
O que realmente gostaria de ser
Num sonho qualquer da meia-noite

Quantas pessoas te abandonarão
Por não saberem reconhecer o valor de um amor de verdade
Por não reconhecerem um coração sangrando


:: é muita mentira pra tanto amor verdadeiro ::
ELA FALOU
QUE EU SOU EVOLUIDO
QUE DEVO GERAR
ALGUM TIPO DE FLUIDO

QUE PRA SER SENSÍVEL
NÃO PRECISA ATINGIR SEXUALIDADE
E QUE O PREVISIVEL
É NÃO CRIAR HOSTILIDADE

ELA FALOU QUE SOU ESPECIAL
PORQUE SOU RARO HOJE EM DIA
ELA ACHA SIMPLES E GENIAL
ESSA MINHA VIDA DOIDA, VADIA

:: meu fiel companheiro, como é bom te amar ::
A gente sente as lágrimas pesadas
Fazendo doer noites solitárias
Manhãs de testa franzida
A gente sente isso na vida

A gente sempre acha que o mundo vai acabar
E desanda a desandar
Num estado bruto o leve desespero
Que até sente-se o cheiro

A gente acha que a queda é de corpo aberto
E de boca no mundo
E o mundo nas mãos...

Acha que nossa libertinagem
Mesclada com sacanagem
É ironia do destino

A gente acha que o significado da vida
Se encontra no dicionário
A gente as vezes parece otário

:: dicionário é leitura dinâmica na cama ::
Somos tão perfeitos
Ao ponto de os peitos
Erguerem-se em orgulho

Ao passo que se faz noturno
Minha forma de querer
Ao andar que nada e nada é viver

Entrego-me pela sua vida
Faço-me varrida em algum momento

Digo que é lamento
Mas choro seco
Se não for por você

Digo verdades sóbreas
E as sobras são de pura
Inquietação

Digo que talvez
Amar seja em vão
Desde que o vão vá de mim à você

Digo sim
que é orgulho
Essa minha forma de observar
De acreditar
Que somos mais que dois

Diga-me
Que sua fadiga é mera coincidência
Diga-me que sua ausência
É premeditada
E que causada pela dor
Não deixará marca de nada



:: seus olhos não escondem as palavras que não vem ::
só com você pude tocar o amor
sentir o salgado do suor
que ele tem

suportei mais
do que as minhas pernas
poderiam agüentar

armazenei mais
do que minha memória
poderia guardar

só com você pude sentir o amor
tocar o salgado do suor
que ele tem

:: o suor...em gotas, escorrendo ou evaporando... ::
um frio que se derrama
uma sede que engana
você acredita faminta
e ela jura que não

um sopro aveludado
um toque sereno
que não é mais seu

desculpa esfarrapada
se eu te engano
me desculpo, imploro
pelo erro que você erra

sua, minha rainha
seu, meu mel
seu, seu fel

uma verdade que falta
uma falta de verdade
um racional quase empírico
uma lua quase inteira

:: em lua cheia os alvos são outros ::
essa inconstância premeditada
farta de tanta obsessão
jura de amor mal ditada
ego inflando de tesão


um choro ensaiado
uma história mal resolvida

um pensamento ousado
é a oscilação da vida


:: que ângulo achar para atravessar um não? ::