Sobre não sentir
Um espanto essa seca
Os olhos que não querem encontrar
Essa vontade de não ter
A boca que não quer beijar
Um afastamento do mundo
Do corpo
E da fome que é o amor
As pernas cruzadas
Os braços que já não abraçam mais
E o que sobra desse mar de solidão
São as ondas que nunca chegam na praia
Nada satisfaz
Nada atrai
Nem quem se joga
Quase que arrancando com as unhas
O ultimo gole da vontade
Nem quem tem o maior poder de sedução
Consegue fazer aquele corpo reagir
Aquela mente pensar em reagir
Sem fogo
Sem pele
Sem o que fazer
Dorme no aconchego do seu próprio desleixo